Você pode fazer todo tipo de exercício para tentar se libertar do calendário. Ignorá-lo, reinterpretá-lo, adulterá-lo, ressignificá-lo, enfim... Pode exercitar possibilidades em busca da crença ilusória de que o tempo que corre inevitavelmente e a idade são convenções dos números e dias da semana organizados nas folhinhas de janeiro a dezembro. No entanto, como abstrair a data mais importante dos 365 dias? Como torná-la uma simples convenção?
Sou ariana, com ascendente em escorpião. Sou de 71 (mas não uma vagabunda confessa). Mais precisamente das 19h de um 14 abril dando os primeiros ares de frio segundo o que contam. Exatamente como hoje, 37 anos depois. Uma segunda de friozinho bem gostoso depois da temporada de calor.
É incrível como para mim este clima ameno produz um sentido de "inaguração oficial" do ano e do ritmo intenso de trabalho que vem com ele. É como se até agora, de alguma maneira, estivesse ainda misturando ainda o sabor de um dolce
far niente nos ventos quentes que o outono (no calendário) insistia em trazer com os dias que correm e nos situam no quarto mês do ano.
Hoje, no entanto, foi diferente. Manga comprida e sapato fechado. E em uma segunda feira.
Nada mais paradgimático para uma inaguração, um começo de qualquer sonho, projeto ou trabalho. Dizem que segunda feira é, por exemplo, o dia oficial de começo das dietas.
Nesta segunda feira, dia do meu aninversário, mais que idade, inaugurei o outono para mim mesma. E tudo o que essas folhas do calendário já caídas possam significar para aquelas que ainda vão cair.
O dia começou bem e terminou ainda melhor. Lembranças, telefonemas, beijos e abraços afetuosos. E o mais importante, nenhum deles me pareceu apenas convenção.
De brinde ainda fui fazer um novo exame. Eu e o Pedro fomos ver o coração dele. Ventrícolos, artérias, veia aorta. Tudo bem. Tudo dentro das medidas e intensidades de fluxo. Esse guri tem um "bom" coração. Nem nasceu ainda e já me deu presente.
Espero ansiosamente por conhecê-lo. Especialmente porque uma série de cirscunstâncias me indicam mais do mesmo: é um menino muito especial.
Corujices sem pedir licença são das leis do planeta mãe.