segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Superações

Gente:
É incrível a capacidade do ser humano de se superar continuamente, desde que queira e/ou precise. Ou as duas coisas.
Desde o nascimento do Pedro, estamos - eu e ele - nessa tarefa intensa de nos conhecer e reconhecer, entendendo nossas reações, humores, horários, manhas, falas, às vezes compreendidas, outras vezes não.
Ou seja, busco entender verdadeiramente o que está rolando. Se o choro é só prá fazer um charminho, se é valendo, se é só fome, ou sono, enfim. E para tanto, o método mais acertado é o de tentativa e erro.
Vai se experimentando de tudo até acertar enquanto a gente ainda não se conhece completamente. E nesse ritmo vamos consolidando algumas novas rotinas para organizar nossas vidas. Eu em função das demandas dele, e ele em função de suas próprias necessidades advindas do duro trabalho que tem em "organizar" em sua cabecinha este mundo rigorosamente todo novo. É um trabalho hercúleo que ele tem buscado desempenhar com muito afinco. Com 25 dias de vida, além de dormir, comer e eliminar "as sujeiras", ele já observa o mundo ao seu redor. Já fixa o olhar para a luz, às vezes para mim e às vezes é só mesmo um olhar absorto buscando inspiração e uma certa força para "fazer número dois" nas fraldas recém trocadas.
(Sim, há sem dúvida um prazer imenso de sujá-las imediatamente após sua troca. O que me pergunto é se meu filho gosta mesmo é de não ficar de fralda limpa. Isso é que é estranho.)
Já eu, em termos de superação, posso dizer que descobri qualidades e/ou habilidades desconhecidas. A paciência por exemplo. É fundamental. Especialmente quando as coisas não saem conforme o planejado e isso acontece às 4 da manhã.
Ele chora. Eu já sei que quer mamar. Pego ele do berço. Providencio a "liberação" das roupas para que ele alcance o seio (e da maneira mais rápida possível para que o mundo não venha abaixo). Amamento pacientemente enquanto quase caio de sono recostada na cama e o observo como um paxá a degustar o manjar sem pressa. Depois, seguem os intermináveis 10 minutos necessários para a "digesta". Sim, são só 10 minutos, mas eu estou falando desse tempo medido na madrugada enquanto você tenta driblar a areia dos olhos. Experimente e depois falamos.
Na seqüência, ainda não acabou. O guri tá roncando, cansado do exaustivo trabalho de mamar. Mas ainda é preciso trocar as fraldas. Vamos lá. Sem acender muitas luzes para não despertá-lo totalmente, retiro as roupas da barriga para baixo. Ok. só sujou as fraldas. Beleza. Faço a troca. Limpo. Bêbada de sono. Coloco muita hipoglós como recomendou o acionista da fábrica de pomadas, o pediatra dele, e quando me preparo para fechar a fralda e cumprir esta etapa, o guri resolve fazer xixi e molha toda a roupa. Sim, meninos fazem xixi e o fazem desenhando um arco no ar de maneira a se molhar completamente.
Reinicio o processo novamente, agora com troca de toda a roupa. Da cabeça aos pés. E desta vez o trabalho vem acrescido ainda ao choro dele, claro, que acha um saco colocar várias mangas de roupas, colocar meia calça, meia, mais tip top e etc e etc.
Olho no relógio: 5h. Bom agora limpo é fazê-lo dormir. Uma balançadinha e o guri volta ao estado de embriguez de sono. Ok. Quando me preparo para colocá-lo no berço, recuperando minha esperança de dormir algumas horas até o início da manhã, ele abre os olhinhos exatamente no momento que se encontra com seu travesseiro e sente seu corpo sendo colocado na caminha. Resultado: mais um chorinho para ser acalentado pela mãezinha que sabe que precisa mesmo padecer no paraíso para conquistar esse posto dignamente. Tentando não perder a paciência, (mas tentando mesmo!) retomo ele nos braços e volto à balançada. Para tanto, é importante dizer que para operacionalizar tudo isso, durante a madrugada, na penumbra e sozinha, também é parte da superação a capacidade que desenvolvemos de fazer coisas com um braço só, com a boca, com o pé, enfim para poder dar conta do guri que ocupa o outro braço, a outra perna e nossa imaginação e afinação sonora para embalá-lo e e fazê-lo dormir.
Sinceramente, não achei que soubesse ou pudesse fazer isso. Mas tenho feito. E modéstia parte, bem feito. Sem perder a paciência. Pelo menos por enquanto...
P.S.: Algumas atividades são feitas sozinha, preciso ser honesta, porque tenho procurado poupar um pouco o pai dele que precisa trabalhar no outro dia. Mas das duas trocas da noite, uma pelo menos é sempre feita pelo Dê que compartilha comigo "as superações".

2 comentários:

Sabrina Schneider disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sabrina Schneider disse...

Ah, se não fosse a Sheila me passar o endereço do teu blog... Eu não teria visto a carinha linda do Pedro e nem tomado conhecimento dos teus apuros como mãe de primeira viagem! Aliás, bem esclarecedores, os teus posts! Acho que vou guardá-los pra quando chegar a minha vez!
Bom, tô escrevendo pra dizer que o menino é lindo! Parabéns! Que ele tinha vindo ao mundo eu já sabia, pois minha mãe me ligou de Santa Cruz pra contar quando saiu na Gazeta, hehe! "Nasceu o bebê da tua professora, e se chama Pedro", ela disse. Mais um pouquinho e ele faria aniversário junto comigo, e seria de Leão (sou do dia 22)!
Fabi, tudo de bom. E boas vindas ao Pedro!

Um beijo

Sabrina Schneider