sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Bico ou dedo





Gente:


Agora sou testemunha que as mães que nos levam ao divã do analista em 99% dos casos, são, por sua vez, também as que tentam evitar que isto aconteça. É, parece contraditório, mas talvez o problema seja na forma como elas fazem isso que redunde quase sempre em tentativas frustadas e, às vezes, desastrosas. Mas elas bem que tentam.


O negócio é que agora, mais do que nunca, entendi o que é projetar, querer, esperar que as coisas saiam de um jeito quando elas saem de outro em relação aos filhos. Ou seja, estou sim pecando pelo que sempre condenei...Mas, vou dizer, é muito difícil não pecar...


Todo esse trololó é para falar da descoberta terrível sobre o Pedro e que responde certamente pela minha primeira grande frustação em relação ao guri: ele chupa o dedo.


Sim, isso pode parecer uma bobagem, apenas uma manifestação da fase oral, mas...Pense... Depois de tentar dar o bico por "n" vezes e até investir num modelo importado, obtendo sempre a recusa dele, agora flagro o danado em delito freqüentemente. Chamo a atenção, tiro o dedo de sua boca (faz até "poc" o momento em que eu tiro o dedo da boca de tanto gosto e vontade com que ele chupa), mas sei que é momentâneo. Logo eu viro as costas (às vezes nem precisa virar as costas) e ele volta à transgressão.

Por um tempo, quiz que ele chupasse o bico por ser- não nego - um excelente calmante. Pensava que, na pior das hipóteses, depois poderia oferecer a ele um sem número de negociações - dar pro Papai Noel, pro véio do saco, pro monstro da palha, em troca de uma motoca, etc, etc - que substituíssem este prazer por outro.

Então, quando percebi que ele não ia mesmo chupar bico de jeito nenhum, passei a me dar conta que poderia comemorar e não entender como algo ruim. Afinal, ok, passaria mais trabalho com ele agora, mas evitaria as negociações futuras para abandonar o vício e os dentes tortos e os problemas respiratórios e etc...

Só que mal pude comemorar o quanto me senti orgulhosa por ele até que saquei que, claro, a fase oral não iria passar impune. Era muita ingenuidade da minha parte.

E agora cá estou pensando...Que tipo de negociação será suficientemente boa, capaz de fazê-lo abandonar este hábito que está ali literalmente ao alcance da mão a todo instante e por toda parte por onde for????

Ai, sinceramente, preferia o bico...





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